Enoquiano, Verdadeiro e Fiel

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Tradução e Comentários para a Primeira Chave

“Eu reino sobre vós”, disse o Deus da Justiça, “em poder exaltado sobre os firmamentos da ira: em cujas mãos o Sol é uma espada e a Lua como um fogo penetrante: que mede vossas vestimentas no seio de minhas próprias vestes e vos amarrou juntos como as palmas de minhas mãos. Cujos assentos decorei com o fogo da reunião, e embelezei vossas vestimentas com admiração. Para quem fiz uma Lei para governar aos Santos, e entreguei um cajado com a arca do Conhecimento.

Além disso, vós então erguestes vossas vozes e jurastes obediência e fé a Ele que Vive e Triunfa; que não tem início, nem fim; que brilha como uma chama no meio de vosso palácio, e reina sobre vós como a balança da retidão e verdade.

Portando, movei-vos e mostrai-vos. Abri os mistérios de vossa criação. Sede amistosos comigo. Porque eu sou servo do vosso mesmo Deus; o verdadeiro adorador do Altíssimo.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

A maioria da Chamada Um parece ser composta pelas palavras da própria Força Criadora. Como vemos na linha acima, o locutor da Chamada estabelece que ele não está falando suas próprias palavras, mas sim aquelas do Deus da Justiça (Iad Balt ou Iadbaltoh). Ao parafrasear as mesmas palavras do Criador no momento de sua criação, o locutor está lembrando aos Anjos das promessas que eles fizeram, e dos comandos dados a ele por Deus. (Nós vamos ver isso em outroas partes das Chamadas.) O locutor também está provando que ele conhece estas palavras secretas, e desta forma estabelece sua própria autoridade.

Lembrando que a Chamada Um tem a intenção de mover os “Reis e Ministros do Governo,” que também são os “Primeiros Sete.” Estes são provavelmente os sete Arcanjos que pairam “frente à face de Deus” como descrito no Apocalipse de São João e em outras passagens. Entre estes sete Arcanjos Planetários, aqueles do Sol e da Lua se destacam como chefes. A primeira linha da Chamada revela que o Deus da Justiça está tão além exaltado (tal como super-celestial, como no Gnosticismo), que mesmo os poderosos Sol e Luna são apenas ferramentas ou armas em Suas mãos – uma espada e um “fogo penetrante” (flecha de fogo).

Que mede vossas vestimentas no seio de minhas próprias vestes e vos amarrou juntos como as palmas de minhas mãos. Cujos assentos decorei com o fogo da reunião, e embelezei vossas vestimentas com admiração. Para quem fiz uma Lei para governar aos Santos, e entreguei um cajado com a arca do Conhecimento.

Na primeira linha acima, a palavra inicial “que” provavelmente se refere ao Sol e Lua descritos na linha prévia da Chamada. No estudo da Astrologia, o caminho do do Sol e da Lua pelo céu é usado para distinguir as doze principais constelações da massa caótica de estrelas. Por causa disso, Sol e Lua são creditados como aqueles que trazem ordem ao caos, assim como o governo sobre os Anjos planetários e zodiacais. Do ponto de vista da Astrologia, é o Sol e a Lua que “amarram juntos” os signos e planetas (reis e ministros do governo). São eles que marcam (medem) os caminhos das estrelas através da abóbada celeste – as vestes (territórios) de Iadbaltoh.

A próxima linha sugere que Deus embelezou os assentos de Sol e Lua com o “fogo da reunião”. Isso faz sentido quando consideramos que Sol e Lua são ditos queimar com o mero reflexo do Fogo dos Céus. A linha então se refere aos reis e ministros novamente, e sugere que o Sol e Lua “embelezaram suas vestimentas”. Os planetas do nosso sistema solar são embelezados ao brilharem com a luz refletida do Sol.

A próxima linha parece referenciar às leis naturais criadas por Iadbaltoh – aquelas que governam os Santos (Anjos), e cujas eles reforçam sobre o reino da Criação. Como os reis e ministros do Universo, ambos seguram o cajado (cetro) do governo e representam a arca (ou depósito) de todo o conhecimento. (Lembre-se de que Dee era um astrólogo, e regularmente lia as estrelas para obter conhecimento).

Além disso, vós então erguestes vossas vozes e jurastes obediência e fé a Ele que Vive e Triunfa; que não tem início, nem fim; que brilha como uma chama no meio de vosso palácio, e reina sobre vós como a balança da retidão e verdade.

Com as palavras “além disso”, Iadbaltoh muda o foco do seu discurso. Ele continua, claro, ainda a se direcionar aos reis e ministros, mas Ele subitamente parece se direcionar a uma Divindade distinta de Si – “Ele que Vive e Triunfa”. Esta parece ser uma referência direta ao Cristo – o Ungido que desce dos céus para tomar um corpo de carne e triunfar sobre o mal (“vive e triunfa”). No livro das Revelações (Apocalipse), o Cristo conquista o mundo físico e é estabelecido como seu eterno Rei.

O Cristo Gnóstico (também chamado de Logos, ou Palavra) é tanto autocriado quanto eterno, tanto distinto, quanto parte do Deus Altíssimo. Os termos descritivos utilizados na Chamada Um para descrever “Ele que vive…” são típicos do Cristo. Ele é descrito como eterno, e (no mesmo espírito da Chamada até aqui) é associado com o simbolismo solar. Ele “brilha como uma chama”* no meio do palácio dos Santos, como o Sol brilha no centro do nosso sistema solar. Tanto o Cristo no Céu quanto o Sol no reino celeste são o pilar central e balanço. (Interessantemente, textos Gnósticos descrevem o primeiro ato do Cristo como sendo o trazedor do balanço para o reino dos Aeons. Ele então desceu para o reino físico, para fazer o mesmo aqui).

Portanto, a Chamada Um serve para lembrar aos Anjos governantes do Universo que eles juraram obediência tanto a Iadbaltoh, quanto ao Cristo.

Portando, movei-vos e mostrai-vos. Abri os mistérios de vossa criação. Sede amistosos comigo. Porque eu sou servo do vosso mesmo Deus; o verdadeiro adorador do Altíssimo.

Finalmente, a Chamada termina com uma fórmula evocacional – ou conjuração. Como será visto, todas as Chamadas terminam com conjurações similares. Todas elas são ditas pelo locutor da Chamada, ao invés de uma figura – tal como Deus – sendo parafraseada dentro da Chamada. No entanto, há algumas instâncias em que Iadbaltoh é citado dentro da fórmula.

Notas de Tradução

A presença do Cristo é de fácil assimilação quando comparada a um “estado de espírito” atingido pelo buscador, em que ele inicia a “construção do Templo em seu coração”. Ao longo dos nossos contatos em 2019, foram recebidas explicações acerca de uma “pérola opaca como chumbo que todo homem carrega em seu peito” e que, uma vez estabelecido o contato e relacionamento com a Força Criadora, torna-se “incandescente e brilhante como um pequeno sol”. Ou seja, ao longo dos contatos o buscador constrói a habitação para a Força Criadora em seu coração, que residirá ali junto dos Santos na forma do Cristo: é a Rosa que desabrocha na Cruz.

“Eu reino sobre vós”, disse o Deus da Justiça, “em poder exaltado sobre os firmamentos da ira: em cujas mãos o Sol é uma espada e a Lua como um fogo penetrante:

Talvez a assertiva mais incontestável que defenda a Astrologia seja o fato da influência exercida sobre toda a Criação pelo Sol e pela Lua. O “Sol como uma espada” referencia-se ao mantenedor e ajustador da vida; sem ele, a Criação como a conhecemos simplesmente cessa. A “Lua como um fogo penetrante” é a influência direta sobre as nossas emoções, tanto como no crescimento das plantas e na mudança das marés.

Tradução e Comentários para a Segunda Chave

Podem as asas do vento entender suas vozes de admiração, Oh vós, Segundo(s) do Primeiro, quem as chamas ardentes emolduraram nas profundezas de minhas mandíbulas; a quem preparei como taças para um casamento, ou como as flores em sua beleza para a câmara da retidão.

Mais fortes são vossos pés do que a pedra estéril, e mais poderosas são vossas vozes do que os ventos múltiplos. Pois vos haveis tornado uma edificação tal como nenhuma outra existente, exceto na mente do Todo Poderoso.

“Aparecei”, disse o Primeiro. Movei-vos, portanto, até os Seus servos. Mostrai-vos em poder e fazei-me um forte fervor. Pois, eu sou d’Aquele que vive para sempre”.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

Aqui na Chamada Dois, nós não encontramos citações de Iadbaltoh como no Gênesis, mas em vez disso uma adoração ao estilo salmo, dita pelo próprio locutor. Esta parece ser uma companhia necessária ao tom de comando da Chamada Um.

Inicialmente, parece tentador ver o Cristo mais uma vez no título “Segundo do Primeiro*”. No entanto, incomoda o fato de que adiante, esta Chamada se refere aos Segundos do Primeiro, no plural. Se for este o caso, então esta Chamada é da mesma forma endereçada aos mesmos reis e ministros (ou Santos) da Primeira Chamada. A filosofia oculta geralmente se refere aos deuses e Anjos como as “Causas Segundas” – em oposição a Deus, a “Causa Primeira”.

As “vozes de admiração” mencionadas na primeira linha parecem ter duplo sentido. Ao pé da letra, a frase parece referenciar às “vozes maravilhosas” dos Santos. No entanto, o Angélico (ou Enochiano) utilizado aqui é “Faaip” (vozes), ao passo que a palavra Angélica padrão para “vozes” – utilizada adiante nesta mesma Chamada – é “Bia”. Assim, é possível conjecturar que “Faaip” destina-se a indicar “vocalizações” – como em músicas ou salmos. Nesta ótica, os “Segundos do Primeiro” tanto tem belas vozes, como estão entoando cânticos de admiração.

quem as chamas ardentes emolduraram nas profundezas de minhas mandíbulas; a quem preparei como taças para um casamento, ou como as flores em sua beleza para a câmara da retidão.

Aqui se encontra uma pequena mudança. Enquanto os Santos foram inicialmente creditados com os “cânticos de admiração”, agora é o locutor que afirma estar cantando-os. (Isso faz sentido, se o locutor está recitando as Chaves em seu original Angélico/Enochiano. Lembre-se de que Nalvage previamente se referiu às Chamadas como vozes: “Em 49 vozes, ou chamadas: que são as Chaves Naturais para abrir aquelas, não 49 mas 48 […] Portais do Entendimento”.)

As “chamas ardentes” (da paixão) emolduraram os cânticos “nas profundezas de minhas mandíbulas” – ou fundo junto ao coração do locutor onde tais salmos de adoração seriam inspirados. São estes salmos que foram preparados como alguém prepara um casamento ou a câmara nupcial. (Interessantemente, o Templo Sagrado – onde reside a presença de Deus, ou a Shekinah – é às vezes descrito na tradição judaica como uma câmara nupcial).

Mais fortes são vossos pés do que a pedra estéril, e mais poderosas são vossas vozes do que os ventos múltiplos. Pois vos haveis tornado uma edificação tal como nenhuma outra existente, exceto na mente do Todo Poderoso.

Aqui nós vemos a adoração dos Segundos do Primeiro. Note-se a comparação feita entre eles e os elementos do reino terrestre – vento e pedra. Eles são maiores do que os elementos, e são de fato os blocos de construção do mundo físico.

Também, como se vê no Gnosticismo, o mundo criado foi preconcebido na mente do Todo Poderoso – que pode indicar Iadbaltoh e/ou o Cristo. (João descreve o Logos como “Deus” e “com Deus”. No mesmo capítulo, João afirma que Logos é o Criador, ou o agente da Criação). Nas Chamadas, Iadbaltoh é o Criador primário, embora o Cristo possa receber o mesmo status, uma vez que os dois são Um.

“Aparecei”, disse o Primeiro. Movei-vos, portanto, até os Seus servos. Mostrai-vos em poder e fazei-me um forte fervor. Pois, eu sou d’Aquele que vive para sempre.

A Chamada finalmente termina com outra fórmula de conjuração. Há uma pequena citação de Deus novamente – chamado “o Primeiro” neste caso, já que os reis e ministros foram denominados de “Segundos do Primeiro” na primeira linha do poema. A linha final termina com “d’Aquele que vive…”, que não tem início ou fim – o Cristo.

Notas de Tradução

A comunhão do buscador com os Mensageiros é comparável ao preparo de um estudante ao longo dos anos escolares. Ao longo de sua jornada, este estudante passa a construir em sua mente um templo de conhecimento, que o permitirá seguir mais ou menos preparado para a vida.

O processo de construção da Casa da Sabedoria é a edificação do Templo interno para a habitação da Força Criadora na forma do Cristo, onde os Anjos “se tornam fortes como a pedra estéril e poderosos como os ventos múltiplos”, em uma construção que só encontra par na mente da própria Força Criadora.

“Aparecei, e movei-vos em direção aos servos da Força Criadora”, é um comando direto da Força Criadora para os Anjos virem ter conosco.

“Mostrai-vos em poder e me enchei de fervor”, faz referência ao pedido para que os Mensageiros comunguem com o buscador e se alcance um estado de epifania, o preenchimento de todo o ser por Entendimento, Amor e Gratidão plenas, uma experiência da mais sublime beleza e que adorna o clímax das práticas da Salman Iadnah.

Tradução e Comentários para a Terceira Chave

“Vede”, disse vosso Deus, “Eu sou um Círculo em cujas mãos estão 12 Reinos. Seis são assentos de alento vivo; os demais são como foices afiadas ou os chifres da morte; onde as criaturas da Terra são e não são, exceto pela minha própria mão; que dorme e irá se levantar.

No princípio, Eu vos fiz administradores e vos coloquei em 12 assentos de governo, dando a cada um de vós poder sucessivamente sobre 456, as verdadeiras eras do tempo, de forma que dos mais altos receptáculos e cantos de seus governos pudessem trabalhar meu poder; derramando o fogo da vida e crescimento continuamente por sobre a Terra. Assim, vós vos tornastes o limiar da justiça e da verdade”.

Em Nome do vosso mesmo Deus, levantai, eu digo a vós. Contemplai, Suas misericórdias florescem e Seu Nome se torna poderoso entre nós. No qual dizemos vai, descei e aplicai-vos sobre nós como participantes da sabedoria secreta da Vossa Criação.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

A Chamada 3 volta a citar Iadbaltoh. Ele mais uma vez descreve o Universo como visto pelos olhos de um astrólogo, e esta Chamada inteira é reminiscente de uma carta zodiacal. O Círculo se refere aos Céus, cuja fronteira é marcada pela faixa de estrelas fixas. Este Círculo é então dividido entre doze Casas astrológicas (chamadas “Reinos” na poesia da Chamada) através das quais as estrelas passam em seu curso diário. Com certa frequência, as casas e seus doze signos são divididas entre posições negativas e positivas, ou afortunadas (os assentos de alento vivo) e as desfortunadas (foices afiadas ou os chifres da morte). É através destes “reinos” que Deus dirige o destino do mundo – ou onde as criaturas da Terra são e não são.

Cabe lembrar que a Chamada 3 foi descrita por Gabriel como “a primeira da natureza, e o início do vosso ser em corpo; através do qual todas as coisas do mundo tem vida, e vivem”. Isto faz perfeito sentido, já que a Chamada 3 parece incluir uma descrição do mundo físico. O Círculo dos Céus marca a fronteira entre o mais alto reino Divino e o Universo físico criado. Se o foco desta Chamada está no estabelecimento das forças zodiacais, então ela trata necessariamente também sobre o estabelecimento do mundo físico.

As palavras finais desta passagem – que dorme e irá se levantar – é uma espécie de enigma. Elas poderiam simplesmente significar que Deus decide quem vive ou morre – mas aquela palavra “irá” joga dúvida sobre a questão. Se as criaturas da Terra dormem (morrem) e irão se levantar, poderia ser uma sugestão ao conceito Judaico-Cristão da Ressurreição. Isso certamente se alinha com a natureza apocalíptica das Chamadas e com o próprio Liber Logaeth. Isso implica que o estabelecimento dos Doze Reinos irá durar até o Fim dos Tempos.

No princípio, Eu vos fiz administradores e vos coloquei em 12 assentos de governo, dando a cada um de vós poder sucessivamente sobre 456, as verdadeiras eras do tempo, de forma que dos mais altos receptáculos e cantos de seus governos pudessem trabalhar meu poder; derramando o fogo da vida e crescimento continuamente por sobre a Terra. Assim, vós vos tornastes o limiar da justiça e da verdade”.

Neste ponto, a poesia ganha um tom ao estilo do Gênesis, com Deus colocando Seus Anjos nos seus assentos de governo no início dos tempos. O assunto neste caso é aquele dos doze “Reinos” do zodíaco, e os Anjos que os governam. É o trabalho deles, sob a direção dos Sete Arcanjos, dirigir as atividades do mundo, e animá-lo “derramando o fogo da vida e crescimento continuamente”.

Na segunda linha desta passagem, aprendemos que os Governantes celestiais (governadores) recebem poder sucessivamente sobre “as verdadeiras eras do tempo” (ou Universo). De fato, Dee começou suas evocações Angélicas ao contatar Anael, o Arcanjo de Vênus que o então atual regente sucessivo do cosmos. O sistema de Dee seguia aquele do Septum Secundus de Trithemius e o Magia de Arbatel, onde os Sete Arcanjos governam em uma sucessão Aeônica.

É difícil dizer com muita certeza o que é indicado pelos números “456”. A maioria destes números é adicionada pelo Anjo Ilemese algum tempo após o Angélico haver sido transmitido, como se eles fossem uma reflexão tardia ou uma consideração especial. Indo estritamente pelo contexto, acredito que a frase “456, as verdadeiras eras do tempo” é uma referência aos Reinos (ou Anjos) zodiacais governados pelos Sete Arcanjos. (O número “456” vai aparecer novamente na Chamada Seguinte).

Finalmente, perceba a menção ao “limiar da justiça e verdade” no fim desta passagem. Na Chamada 1 nós vimos o Cristo descrito como o “balanço entre a retidão [ou justiça] e verdade”, e associado ao Sol no coração do sistema solar. Aqui, na Chamada 3, nós encontramos os Governantes dos doze reinos zodiacais descritos como as fronteiras (limiar) deste balanço central. Uma representação bastante coesa do Universo foi desenvolvida, particularmente do ponto de vista astrológico.

Em Nome do vosso mesmo Deus, levantai, eu digo a vós. Contemplai, Suas misericórdias florescem e Seu Nome se torna poderoso entre nós. No qual dizemos vai, descei e aplicai-vos sobre nós como participantes da sabedoria secreta da Vossa Criação.

Completa a citação de Iadbaltoh, o locutor mais uma vez fala por si, e fecha a Chamada com uma conjuração geral.

As Chamadas 4 a 7 parecem se dirigir a um grupo de Anjos estelares coletivamente denominados “Trovões”. Estes Anjos particulares aparecem no Livro do Apocalipse.

Notas de Tradução

Ao definir o “limiar da justiça e da verdade”, é como se a Força Criadora estabelecesse um espaço onde as coisas acontecem ou, pelo menos, tem sua manifestação inicial – o palco da Criação. Quando conectamos esta Chave ao Elemento AR e suas virtudes de Conhecimento/Inteligência, é possível imaginar que uma peça eventualmente irá tomar lugar neste palco, que é a mente da própria Força Criadora. Esta peça, por sua vez, precisa seguir as regras estabelecidas pela Criação (não deixar o palco, ou o ambiente limite).

A peça, no entanto, ainda não aconteceu. Ela precisa ser concebida para que, na próxima etapa, possa enfim acontecer – tal como os pensamentos que antecedem uma ação.

Tradução e Comentários para a Quarta Chave

“Plantei meus pés no Sul e olhei ao derredor, dizendo “não são os Trovões do Aumento de número 33 que reinam no Segundo Ângulo, sob os quais Eu coloquei 9639 que ninguém jamais enumerou exceto o Primeiro, no qual o segundo princípio das coisas está e cresce forte; que sucessivamente também são os números do tempo: e seus poderes são como os dos primeiros 456.

Erguei-vos, ó filhos do prazer, e visitai a Terra, pois Eu sou o Senhor vosso Deus que é e vive”. Em nome do Criador, movei-vos e mostrai-vos como agradáveis entregadores: para que possais louvá-Lo entre os filhos dos homens.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

A Chamada Quatro volta a citar Iadbaltoh, mais uma vez estabelecendo seus governantes angélicos nos seus tronos de poder. Neste caso, Ele foca sua atenção no Sul – chamado de “Segundo Ângulo”. (Um “Primeiro Ângulo nunca é mencionado – no entanto aqueles que vêem uma descrição de um mapa zodiacal na Chamada Três, sugerem que ele deva estar relacionado com o Leste – o lugar do ascendente, onde o horóscopo tem início. Se este for o caso, então a Chamada Quatro também se move no sentido horário sobre este mapa para o “Segundo Ângulo”, que realmente está associado ao sul.

A linha final acima dirige esta Chamada aos “Trovões do Aumento” – que reinam no sul – e seus subordinados diretos. (O nome angélico para “Trovões do Aumento” é Avavago – e este nome vai aparecer novamente na Chamada Oito, também associada ao Sul). Estes Anjos não foram “numerados”, contados apenas por alguém exceto “O Primeiro” (Um). A palavra angélica para “Um”, ou “O Primeiro” (L), foi usada anteriormente nas Chamadas como “O Primeiro” – um dos nomes de Deus. Portanto, é provável que Iadbaltoh esteja se referindo a Si mesmo nesta instância – embora seja possível que esta referência seja ao Cristo.

No qual o segundo princípio das coisas está e cresce forte; que sucessivamente também são os números do tempo: e seus poderes são como os dos primeiros 456.

Aqui nos é dito mais sobre os Anjos (Trovões) do Segundo Ângulo. Aparentemente eles estão relacionados aos Anjos zodiacais descritos na Chamada Três – que receberam governo em sucessão sobre “456, os verdadeiros períodos do tempo”. Aqui na Chamada Quatro, os “Trovões” também governam “os números (períodos) do tempo” em sucessão, e são equivalentes aos “primeiros 456”. A suspeita é de que estes Anjos do Sul são zodiacais, diretamente subordinados aos regentes dos doze Reinos. (Veja as três Chaves seguintes para mais evidência acerca dessa interpretação).

A Chamada também dá crédito aos Trovões com “o segundo começo das coisas”. Superficialmente, esta parece ser uma referência à fundação do Novo Mundo após a Tribulação. (Veja o capítulo final do Livro do Apocalipse). No entanto, deve-se apontar que a palavra angélica utilizada aqui – Croodzi (início) – não inclui indicação de “segundo” (Viv). Talvez o intento aqui serve para indicar que estes Anjos governam um tempo cíclico que periodicamente “reinicia”.

Erguei-vos, ó filhos do prazer, e visitai a Terra, pois Eu sou o Senhor vosso Deus que é e vive”. Em nome do Criador, movei-vos e mostrai-vos como agradáveis entregadores: para que possais louvá-Lo entre os filhos dos homens.

Esta Chamada termina com outra fórmula de conjuração. Esta é única, porque ela termina antes do fim do discurso de Iadbaltoh. O próprios Deus diz aos Anjos para se levantarem e visitarem a Terra. Note como Ele refere a Si mesmo neste ponto como Ele que “é e viva” – similar ao título que Ele previamente deu ao Cristo. Lembre-se do que foi explicado antes sobre esta associação do Altíssimo Deus e do Cristo na literatura bíblica: a Criação foi concluída por Deus através do poder do Cristo.

Notas de Tradução

Em relação ao nome “Trovões do Aumento” talvez possamos relacioná-los ao “aumento da compreensão” (ou expertise), que advém de qualquer ação. Quanto mais uma determinada ação é executada, mais sabemos acerca dos pormenores e resultados, pois ganhamos experiência – ou Sabedoria. Eis aí também outra referência ao processo cíclico.

O “segundo princípio das coisas”, ou processo cíclico descrito pelo autor “está e cresce forte” até que, por fim, os Anjos são orientados a visitar a Terra como “Agradáveis Entregadores” dos resultados desta ação, ou interação, do homem com a Criação. Convém perceber que todo esse processo tem um custo alto – o tempo, que é descrito em outras Chamadas, principalmente as relacionadas ao Quadrante Norte.

Tradução e Comentários para a Quinta Chave

“Os Poderosos Sons adentraram no terceiro ângulo e estão se tornando como olivas no Monte das Oliveiras, olhando com alegria para a Terra e habitando entre o brilho dos céus como contínuos consoladores, a quem firmei pilares de alegria 19, e dei a eles vasilhas para regar a Terra com suas criaturas; e eles são irmãos do Primeiro e do Segundo; e o início dos seus próprios assentos que é decorado com lâmpadas perpétuas 69363; cujos números são como o princípio, os fins, e os conteúdos do tempo.

Portanto, vinde e obedecei a vossa Criação. Visitai-nos em paz e conforto. Tornai-nos receptores dos vossos mistérios. Por quê? Nosso Senhor e Mestre é Todo Uno”.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

A Chamada 5 é novamente dita quase inteiramente por Iadbaltoh. Ele nunca é mencionado diretamente no texto, mas podemos ver o uso da primeira pessoa na frase “…a quem firmei pilares…”. Portanto, esta Chamada se encaixa com as demais que citam Deus durante a criação do Universo e o estabelecimento dos Seus regentes Angélicos.

Previamente, na Chamada 4, nós encontramos pela primeira vez os Trovões do Aumento – um grupo de Anjos regentes no Segundo Ângulo (Sul). Essa imagem é continuada na Chamada 5, onde nós encontramos os “Poderosos Sons” (Trovões) no Terceiro Ângulo. Se esta for a descrição de uma carta zodiacal, então o Terceiro Ângulo deve representar o quadrante Oeste.

Perceba que estes Poderosos Sons são muito numerosos (“como olivas no Monte das Oliveiras”) e habitam entre “o brilho dos céus”, “olhando com alegria para a Terra”. Esta é uma provável descrição poética das estrelas no céu, que além disso dá suporte à ideia de estes Anjos são zodiacais. Isso é indicado adiante pelas seguintes passagens:

e eles são irmãos do Primeiro e do Segundo; e o início dos seus próprios assentos que é decorado com lâmpadas perpétuas 69363; cujos números são como o princípio, os fins, e os conteúdos do tempo.

Os Poderosos Sons do Terceiro Ângulo são os irmãos dos (ou seja, iguais aos) Anjos do “Primeiro e do Segundo” Ângulos. Note também como eles são descritos como o “princípio, os fins, e os conteúdos do tempo” – o que é análogo às descrições dos Anjos zodiacais nas Chamadas 3 (as verdadeiras eras do tempo) e 4 (o número do tempo). Portanto, os Poderosos Sons no Terceiro Ângulo (Oeste) são equivalentes aos Anjos zodiacais no Primeiro e Segundo Ângulos (Leste e Sul).

Também é possível suspeitar que a referência às “lâmpadas perpétuas” é outra descrição poética das estrelas, brilhando no céu noturno.

Portanto, vinde e obedecei a vossa Criação. Visitai-nos em paz e conforto. Tornai-nos receptores dos vossos mistérios. Por quê? Nosso Senhor e Mestre é Todo Uno.

As citações de Iadbaltoh terminam mais uma vez, e a Chamada retorna ao ponto de vista do locutor, que emprega uma conjuração como é comum.

Notas de Tradução

Poderiam os “Poderosos Sons” tratar da consequência (ou eco) de uma situação prévia, que acontece no Ângulo anterior (Sul) onde estão os Trovões do Aumento? O motivo para esta especulação é que eles são denominados “Trovões” no Quadrante Sul, e “Sons” no Oeste – o primeiro sendo uma consequência do outro. Com base nesta sugestão, poder-se-ia dizer, ainda, que o Quadrante Leste é o próprio relâmpago, a fagulha ou ideia inicial, advindo da própria Força Criadora.

Ao seguir em frente encontramos a frase “…estão se tornando numerosos como olivas no Monte das Oliveiras”, que pode também ser uma referência às reflexões “garimpadas” de situações vividas, já que uma vez que o buscador aprende a refletir sobre sua interação com a Criação, ele passa a buscar pela Sabedoria em cada um de seus atos.

Tradução e Comentários para a Sexta Chave

“Os espíritos do Quarto Ângulo são nove, poderosos nos Firmamentos das Águas: a quem o Primeiro plantou como um tormento para os perversos e uma guirlanda para os Justos; dando a eles dardos (flechas) flamejantes para liderar a Terra e 7699 trabalhadores incansáveis, cujos trajetos visitam com conforto a Terra; e estão no governo e continuidade como os segundos e os terceiros.

Portanto, ouvi minha voz. Eu falei de vós e vos movo em poder e presença, cujos trabalhos serão uma canção de honra e louvor para vosso Deus em vossa Criação”.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

Por alguma razão, esta Chamada não cita Iadbaltoh, embora O mencione como “o Primeiro”. Embora seja falada inteiramente pelo locutor, ela não segue o estilo de salmo bíblico. Ao invés, ela retém um estilo similar ao do Gênesis como as três Chamadas prévias, descrevendo o estabelecimento dos espíritos Angélicos no “Quarto Ângulo”.

Por alguma razão, estes espíritos do Quarto Ângulo seguem inominados. No entanto, é provável que seus nomes sejam algo similar a Trovões, Poderosos Sons etc. Estas entidades particulares residem no Quarto Ângulo, que supostamente deve ser o quadrante Norte da carta zodiacal.

Esta Chamada também delineia a relação íntima entre estes Anjos e os Anjos zodiacais descritos nas três Chamadas prévias. Eles são “como os segundos e os terceiros” – significando que eles estão equiparados com os Anjos no Segundo (Sul) e Terceiro (Oeste) ângulos.

Da mesma forma, eles são descritos como residindo os “Firmamentos das Águas” (o céu noturno) e ao comando de “trabalhadores incansáveis” cujos “trajetos visitam com conforto a Terra”. É provável que estejamos olhando novamente para uma descrição poética das estrelas no céu.

Por fim, esta Chamada é concluída como todas as outras, com uma fórmula de conjuração destes Anjos.

Notas de Tradução

É possível que esta Chave também verse sobre a Continuidade dos ciclos entre os quadrantes. Primeiro, por não citar diretamente Iadbaltoh – o que pode ser entendido como a incapacidade de modificar algo, já que o trabalho está feito e este é o momento da sua avaliação pela própria Força Criadora. Esta condição é reforçada pelo fato do quadrante Norte estar ligado ao elemento Terra, que representa a soma dos outros três Elementos.

Ao retratar “um tormento para os perversos e uma guirlanda para os Justos”, temos uma possível alusão às Leis de Ação e Reação, ou mesmo do Carma – onde os perversos cedo ou tarde pagam pelos seus atentados contra a Força Criadora, ao passo que os Justos são abençoados. Há muito mais para ser dito sobre as condições de “perverso e Justo”: o primeiro é aquele que conhece a Verdade e a ignora, agindo conscientemente de forma contrária ao que lhe é revelado. O Justo é aquele que transforma a Verdade no pão diário, extrai forças da sua Busca e empunha a Sabedoria como arma. Ao fim do dia (Firmamentos das Águas) – ou melhor, da própria vida – o bom Legado é a guirlanda dos Justos, e somente eles poderão ser coroados.

O autor Aaron Leitch acerta em cheio em sua consideração sobre as forças zodiacais nesta Chamada. Além disso, arriscamos o palpite de que os “dardos flamejantes” seriam os cometas, cuja passagem próxima da Terra pode ser vista somente à noite e que trazem presságios sobre o porvir, desta forma “liderando” a Terra.

O encerramento da Chamada também alude ao Legado, bem como à voz do Justo que espalha a revelação, o jarro que enche o cálice dos sedentos. O Legado alinhado à Criação é uma canção de honra e louvor à Iadbaltoh, a Força Criadora.

Tradução e Comentários para a Sétima Chave

“O Leste é uma casa de virgens cantando louvores entre as chamas da Primeira Glória; em que o Senhor abriu Sua Boca, e elas se tornaram 28 moradas vivas onde a força do homem se regozija, e elas estão vestidas de ornamentos brilhantes que operam maravilhas em todas as criaturas. Cujos reinos e continuidade são como o Terceiro e Quarto; torres fortes e locais de conforto, os assentos da misericórdia e continuidade.

Ó vós servos da misericórdia, movei-vos, aparecei, cantai louvores ao Criador, e sejais fortes entre nós. Pois para esta recordação é dado poder e nossa força cresce forte em nosso Consolador”.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

Assim como a Chamada 6, este poema não é falado por Iadbaltoh, e Ele somente é mencionado aqui como “o Senhor”. O estilo permanece o do Gênesis ao invés dos Salmos.

Neste caso, o Leste é diretamente endereçado como tal. Ele não é chamado de “Ângulo”, mas nós ainda vemos uma referência aos Ângulos adiante no poema. Indo pelo padrão que seguimos até aqui, o Leste deveria ser o Primeiro Ângulo da carta zodiacal.

Não é possível dizer se existe algum significado mais profundo para a frase “casa de virgens”. Poderia ser simplesmente uma descrição poética dos Anjos que residem no Leste. Estes são os Anjos que cantam louvores enquanto o Sol se levanta na aurora (as chamas da Primeira Glória), ou aqueles que cantam na presença direta do Trono Divino. Sua relação com o Sol recém-nascido (ou, na imagem cristã, o Filho recém-nascido) poderiam explicar sua descrição como “virgens”.

Assim como os Anjos na Chamada 6, as virgens não recebem um nome. Contudo, pelo fato de eles serem igualados com os Anjos dos outros três quadrantes dos Céus, é provável que também sejam “Trovões”.

…em que o Senhor abriu Sua Boca, e elas se tornaram 28 moradas vivas onde a força do homem se regozija, e elas estão vestidas de ornamentos brilhantes que operam maravilhas em todas as criaturas.

Aqui nós vemos o estabelecimento destes Anjos por Iadbaltoh. Embora o foco desta Chamada esteja obviamente sobre o Leste, eu suspeito que as “28 moradas vivas” representem as mansões astrológicas da Lua. Isso vai de encontro ao foco zodiacal das três Chamadas prévias, e remete à imagem da Lua que foi mencionada apenas uma vez na Chamada 1.

Nos “ornamentos brilhantes” é possível ver outra imagem poética das estrelas no céu noturno.

Cujos reinos e continuidade são como o Terceiro e Quarto; torres fortes e locais de conforto, os assentos da misericórdia e continuidade.

Aqui nós vemos que os Anjos do Leste são “como o Terceiro e Quarto” – ou como os Anjos dos Terceiro e Quarto Ângulos. Isso dá suporte à ideia de que eles são Anjos zodiacais juntamente com aqueles das Chamadas 4, 5 e 6. Ao se mover do Norte para o Leste do horóscopo, as Chamadas completaram agora o Círculo iniciado na Chamada 4 – envolvendo todos os regentes Angélicos do zodíaco.

Ó vós servos da misericórdia, movei-vos, aparecei, cantai louvores ao Criador, e sejais fortes entre nós. Pois para esta recordação é dado poder e nossa força cresce forte em nosso Consolador.

A Chamada finalmente chega à sua conjuração de conclusão. No entanto, desta vez uma linha extra é adicionada ao final, o que parece bastante formal e quase similar a uma oração. É possível suspeitar que esta seja uma espécie de conclusão, indicando uma quebra entre as sete Chamadas prévias e estas que se seguem.

Para ilustrar, aponta-se o conceito de padrão encontrado através das primeiras sete Chamadas:

Chamadas 1 e 2: Evocação dos sete Arcanjos planetários.

Chamada 3: Evocação dos Arcanjos dos doze signos/casas.

Chamadas 4 a 7: Evocação de Anjos estelares associados aos quatro quadrantes do Universo, e governados pelos Sete e pelos Doze.

Portanto, nós vemos nestas Chamadas a formação do Universo inteiro, expressa em termos astrológicos. Os sete Arcanjos planetários são os “Sete Espíritos de Deus” mencionados diversas vezes no Apocalipse de São João. Eles dirigem os Arcanjos dos Doze Reinos do zodíaco, que a si mesmos descrevem no Apocalipse 21 como os guardiões dos doze portões da Cidade Santa.

Por sua vez, os Doze Reinos zodiacais são populados com inumeráveis Anjos (ou Trovões) que são agrupados nos quatro quadrantes do Universo – provavelmente de acordo com triplicidade elemental. Essa assunção é baseada em um diagrama que Dee desenhou da descrição de São João da Cidade Santa. Dee rotulou os doze portões com os nomes secretos dos Doze Arcanjos, as tribos hebraicas associadas e seus correspondentes signos do zodíaco. Este diagrama indica que a triplicidade ígnea (Áries, Leão, Sagitário) está associada ao Leste; a triplicidade terrestre (Capricórnio, Touro e Virgem) está associada ao Sul; a triplicidade aérea (Libra, Aquário e Gêmeos) está associada com o Oeste; e a triplicidade aquosa (Câncer, Escorpião e Peixes) está associada ao Norte. Esta é a atribuição zodiacal dos elementos aos quatro quadrantes, como dado por Agrippa em seu “Três Livros de Filosofia Oculta”.

Tendo estabelecido os governantes Angélicos que regem a Criação, as Chamadas seguintes parecem focar nos Anjos que irão purificar essa Criação com fogo durante a Tribulação.

Portanto, deste ponto em diante, iremos perceber um incremento visível na imagem apocalíptica. Muito semelhante ao Apocalipse de São João e outras literaturas apocalípticas, a poesia das Chamadas é extremamente obscura e difícil de interpretar. Se o estudante deseja ganhar uma compreensão aprofundada das próximas Chaves, sugere-se o estudo de livros tais como a Revelação de São João, Daniel, o Livro de Enoch (1 Enoch), e textos bíblicos correlatos.

Também serão vistos mais dos Trovões nas próximas Chamadas, embora seja difícil dizer se eles são exatamente os mesmos Trovões delineados nas Chamadas 4 a 7. Eles podem ser tanto Anjos inteiramente separados encarregados do Fim dos Tempos, quanto simplesmente os mesmos Trovões prévios que irão agir nesta função, no futuro.

Notas de Tradução

Seguindo por um caminho paralelo às sugestões acima descritas pelo autor, é possível encontrar apoio para tecer algumas especulações extras.

Parece evidente que a partir desta Chave a Criação está estabelecida, e agora é narrada a forma como se dá a interação das criaturas (o homem entre elas) com esta Criação.

O Leste, a priori, é o local do início dos ciclos, a primeira manifestação da Criação. Ao falar de uma “casa de virgens cantando louvores entre as chamas da Primeira Glória”, outra associação possível está ligada ao florescer da vida na Criação, e também ao surgimento do homem.

Ao longo das fases da Lua, astro que tem grande influência sobre o comportamento de toda a Criação, sua força se renova – seja nas marés, no homem ou mesmo no passar das estações; as estrelas, ou “ornamentos brilhantes” que “operam maravilhas” em todas as criaturas, estariam associadas aos signos ascendentes que sobem no horizonte.

A morada e infinidade dos ciclos em seguida é ilustrada, comparando esta instância da Criação às duas anteriores (Terceiro e Quarto, assentos da Misericórdia e da Continuidade), no sentido de que a Lei de funcionamento da Criação está estabelecida, e ela vale para todos os níveis (“O que está acima é como o que está embaixo, para que se cumpra o milagre da Unidade”).

Esta passagem faz ainda mais sentido ao considerarmos o quadrante Oeste como o assento da Misericórdia. É ali o local de arrependimento, de reflexão, da percepção e do entendimento. É ali que se adquire Sabedoria, para retornar ao Caminho que leva à Força Criadora. O Norte, assento da Continuidade, é autoexplicativo – alude à compreensão de que o fim traz consigo um novo início.

Ao final são conclamados os “servos da misericórdia”, e possivelmente a função destes Anjos é a de apresentar uma nova chance à redenção através do ciclo de reencarnações – especialmente ao homem, que reinicia sua jornada neste alvorecer da vida.

Aqui tem início o ciclo do Fogo, onde podemos notar que toda esta sequência de Chaves (7-10) está associada às suas manifestações ígneas através da posição do Sol: aurora, zênite, pôr do sol e meia noite, que pode ser comparada às etapas da vida do homem: nascimento, vida adulta, meia idade e velhice.

Com o nascimento a vida é um mar de possibilidades. Conforme as Chaves avançam e o Sol descrito aproxima-se do fim da sua Jornada, estas ganham um tom de aviso cada vez mais soturno, que culmina na Décima Chave.

Tradução e Comentário para a Oitava Chave

“O meio dia, o primeiro, é como o terceiro Céu, feito de pilares de jacinto, 26; em quem os Anciãos se tornam fortes; que Eu preparei para minha própria retidão”, disse o Senhor, “Cuja longa continuidade serão escudos para os dragões curvados e como a colheita de uma viúva.

Quantos existem, que permanecem na glória da Terra, que são e não verão a morte até que esta casa caia e o dragão afunde”.

Afastai-vos, pois os Trovões falaram.

Afastai-vos, pois as coroas do Templo, e a capa d’Aquele que é, foi e será Coroado, estão divididas.Vinde, aparecei para o Terror da Terra; e para o nosso conforto; e dos que são preparados.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

A Chamada Oito repentinamente volta a citar Iadbaltoh – e vai ser a última a fazer isso até a Chamada final (aquela dos trinta Éteres). Mais uma vez, Deus está descrevendo o estabelecimento de algum aspecto do Universo.

Nos textos clássicos, a referência ao “meio-dia” algumas vezes indica o Sul. (Esta Chamada vai fazer referência adiante aos “Trovões” – ou Avávago – que na Chamada 4 são ditos reinar no Sul). No entanto, não está claro se o Sul é o significado intencionado para “meio-dia” neste caso. O ângulo Sul de um horóscopo também serve como o zênite, ou o ponto mais elevado dos Céus, através dos quais os planetas e estrelas passam. A primeira linha da Chamada 8 poderia ser interpretada daquela forma, como o meio-dia quando o sol passa pelo zênite.

Deus coloca no zênite uma série de misteriosos “pilares”. O poema não é claro se estes pilares são anjos – no entanto, o locutor irá adiante se referir diretamente a eles na sua conjuração. Portanto, se pode assumir que eles são inteligências angélicas de algum tipo. (A Chamada diz que eles são feitos de “jacinto” – o que pode significar lapis lazuli, uma pedra utilizada para simbolizar o céu noturno).

A Chamada nos diz que os pilares são associados de alguma forma com os Anciões do Apocalipse (primeiramente mencionados em Apocalipse 4:4). Estes 24 seres são descritos como os Anciões tribais (dois para cada tribo hebreia) e conselheiros diretos da Coroa Divina. No ocultismo, são costumeiramente associados com o zodíaco (assim como as tribos) – um Ancião positivo e um negativo para cada signo. (É uma pena, claro, que o número de pilares dados na Chamada é 26, ao invés de 24 para alinhar com o número de Anciãos).

“Cuja longa continuidade serão escudos para os dragões curvados e como a colheita de uma viúva.

Os pilares intentam, enquanto durarem, a agir como barreiras conta os “dragões curvados” (neste caso, o significado de curvado é o mesmo de mergulhar, como uma ave de rapina atrás da presa). Esta imagem me remete às quatro “Torres de Vigia” descritas na magia avançada de Dee, e introduzida pelo Anjo Ave com as seguintes palavras: “As Quatro Casas são os Quatro Anjos da Terra, que são os Quatro Encarregados, e Torres de Vigia que … Deus … posicionou contra o Grande Inimigo, o Demônio” (A True and Faithful Relation, p. 170).

Notas de Tradução

Segue-se aqui a imagem do segundo quarto do dia. O “meio-dia” representa, na especulação anteriormente apresentada, o início da fase de jovem adulto, contemplada dos 21 aos 42 anos (aqui considerando ciclos de 7 anos).

Uma possibilidade alternativa para explicar os “26 pilares de jacinto” é a contagem em anos. Aquele que gozou de infância e adolescência ricas, com boa orientação, educação e direcionamento, certamente obterá a vantagem necessária para se tornar um Ancião forte (nos mais diversos sentidos), pois ele estará em melhores condições de se alinhar com a Vontade da Força Criadora.

Tradução e Comentários para a Nona Chave

“Uma poderosa guarda de fogo com espadas de dois gumes flamejantes (que contém frascos 8 de ira por duas vezes e meia: cujas asas são de absinto e medula de sal), colocaram seus pés no Oeste e são medidos com seus ministros 9996. Estes recolhem o musgo da terra, como o homem rico faz o seu tesouro.

Amaldiçoados são aqueles cujas iniquidades os são.

Em seus olhos estão moinhos de pedra maiores do que a Terra, e das suas bocas correm mares de sangue. Suas cabeças são cobertas com diamantes e sobre suas mãos estão luvas de mármore.

Feliz é aquele a quem não franzem o cenho. Por quê? O Deus da Retidão regozija-se neles.

Vinde, mas não vossos frascos. Pois o tempo é aquele que requer o conforto.”

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

Na Chamada 9, um pelotão (guarda) de Anjos flamejantes pousa ao oeste. Seu aspecto físico é aterrorizante – asas de absinto (um veneno) e sal, espadas flamejantes e é claro, os horríveis “frascos de ira”. Estes frascos parecem ser extraídos do Apocalipse 15, onde encontramos sete Anjos com os frascos das pragas. Ali, conforme cada Anjo derrama o seu frasco da ira de Deus, catástrofes horríveis tomam lugar na Terra – tal como água se transformando em sangue, pessoas cobertas de chagas, e a terra queimando com a luz escaldante do sol.

A orientação ocidental desta Chamada parece ser uma transição suave do ângulo Sul (ou zênite) da Chamada anterior – embora estejamos incertos se aquele padrão realmente se aplica após a Chamada Sete (veja as Chamadas 10 até 13, onde o aparente padrão horário é quebrado inteiramente).

Estes recolhem o musgo da terra, como o homem rico faz o seu tesouro.

Uma enciclopédia sugere que musgo é sinônimo de palavras como esterco, lama, limo, lodo, e assim por diante (no dicionário, também se tem a palavra escória). Se esta é a interpretação correta, então o “musgo da Terra” podem ser os mesmos descritos como “amaldiçoados” na próxima linha. A frase “cujas iniquidades os são” da mesma forma indica aqueles humanos iníquos a quem os terríveis Anjos irão direcionar sua ira. São eles quem serão “coletados” (como ceifados, numa plantação) em grandes números (como o homem rico junta tesouro).

Em seus olhos estão moinhos de pedra maiores do que a Terra, e das suas bocas correm mares de sangue. Suas cabeças são cobertas com diamantes e sobre suas mãos estão luvas de mármore.

Aqui a Chamada volta a descrever o terrível aspecto destes Anjos – e a imagem é bem pior do que antes imaginado. Perceba que com frequência coisas duras são usadas para descrevê-los – olhos de moinhos de pedra, cabeças de diamantes, luvas de mármore. A imagem é a de brutamontes imparáveis, imunes a gritos de misericórdia. Por que Iadbaltoh se regozijaria em tais criaturas? Porque eles são as poderosas forças que irão um dia limpar o “musgo” da face da Terra.

Estes Anjos não são nomeados nesta Chamada; no entanto, veremos os Trovões mencionados novamente na Chamada 10. É possível que estes Anjos sejam Trovões também – embora seja incerto qual relação (se existe uma) eles possuem com os Trovões das Chamadas 4 a 7.

Vinde, mas não vossos frascos. Pois o tempo é aquele que requer o conforto.

A fórmula de conjuração de conclusão é bem curta desta vez. Ela pede para que venham, mas deixem seus frascos para trás (nós não queremos que eles tragam estes até o Dia do Julgamento!). Finalmente, aparentemente como uma defesa contra a natureza cheia de ira destes Anjos, o locutor informa a eles que o momento requer conforto.

Notas de Tradução

Eis uma descrição poética do pôr do sol que compreende o terceiro quarto do dia e representa, na especulação anteriormente apresentada, também o início da meia idade.

A imagem descritiva é assustadora, o que leva a crer que ela nos brinda com um tom de alerta: o que fizemos da nossa existência? É aqui que o peso dos anos improdutivos se faz sentir, pois o check de realidade é tão cruel quanto a descrição da Chave: este tempo perdido não mais voltará.

Tradução e Comentários para a Décima Chave

“Os Trovões do Juízo e da Ira estão numerados e abrigados no Norte à semelhança de um carvalho cujos galhos são 22 ninhos de lamentação e choro estendidos para a Terra: que queimam noite e dia e vomitam cabeças de escorpiões e enxofre vivo misturado com veneno.

Estes são os Trovões que 5678 vezes na 24ª parte de um momento rugem com cem poderosos terremotos, e mil vezes mais ondas, que não descansam e nem conhecem qualquer (longo) tempo aqui*. Uma rocha produz 1000 assim como o coração do homem produz seus pensamentos.

Pesar, pesar, pesar, pesar, pesar, pesar, sim, pesar seja sobre a Terra. Pois sua iniquidade é, foi e será grande.

Vinde, mas não vossos ruídos”.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

Finalmente, nós encontramos uma nova referência para os Trovões apocalípticos. No entanto, note a mudança dos “Trovões do Incremento” que despejavam vida e conforto sobre a Terra nas Chamadas prévias, para “Trovões do Julgamento e Ira” (Enochiano: Coraxo) que guardam lamentação e choro para a Terra. Isso pode dar suporte à visão de que estes Trovões não são os mesmos daqueles prévios à Chamada 8.

Note que estes Anjos tem um aspecto terrível como aqueles da Chamada 9, neste caso vomitando escorpiões, veneno e fogo. Uma imagem sugerindo dureza é invocada novamente na descrição destes Anjos como um “carvalho” – um tipo de árvore conhecida por ser rígida e inflexível.

Esta Chamada foca sobre o Norte, que parece ser a progressão natural do Oeste na Chamada prévia. No entanto, esta é a última Chamada que parece seguir este padrão, e desta forma eu suspeito que um padrão inteiramente diferente existe da Chamada 8 em diante. Tristemente, não me foi possível decodificar as referências direcionais nestas próximas Chamadas.

Estes são os Trovões que 5678 vezes na 24ª parte de um momento rugem com cem poderosos terremotos, e mil vezes mais ondas, que não descansam e nem conhecem qualquer (longo) tempo aqui*. Uma rocha produz 1000 assim como o coração do homem produz seus pensamentos.

*ou calmaria.

Aqui, as descrições dos Trovões do Julgamento e Ira continuam. Estes Anjos aparentemente trazem grandes terremotos, similares aos eventos catastróficos descritos no Apocalipse e em outros lugares.

Pesar, pesar, pesar, pesar, pesar, pesar, sim, pesar seja sobre a Terra. Pois sua iniquidade é, foi e será grande.

Estes sete “pesares da Terra” são da mesma forma tirados do Apocalipse (capítulos 8-11), onde São João menciona somente três. No entanto, eles estão associados com o som das trombetas sopradas pelos sete Arcanjos. Cada trombeta resulta em desastre sobre a Terra (granizo, sangue, fogo, morte, a estrela de Absinto etc.), e os pesares estão associados com os últimos três. É claro, cada uma das sete trombetas causa “pesar” sobre o mundo. Assim, a poesia desta Chamada igualmente se refere aos resultados de todas as sete trombetas ao repetir a palavra “pesar” por sete vezes.

Vinde, mas não vossos ruídos.

A conjuração de conclusão pede aos Trovões que venham, mas que deixem para trás seus “ruídos” (terremotos, vômitos de fogo, e assim por diante). Eu acho significante que a Chamada 10 termina com uma conjuração extremamente abreviada, muito similar à encontrada na Chamada anterior. Parece, mais uma vez, como se o locutor quisesse convocar a estes Anjos sem obter muito de suas atenções.

As Chamadas 9 e 10 certamente parecem ser um par conectado. Elas são similares em sua estrutura básica, parecem descrever similarmente Anjos terríveis, e elas são as mais alinhadas com a imagem apocalíptica. A próxima Chamada (11) tem uma estrutura e imagens ligeiramente diferentes das duas precedentes, mas ela faz referência aos Coraxo (Trovões) primeiramente mencionados na Chamada 10.

Notas de Tradução

Por fim, o ciclo se completa pelos quatro quadrantes e respectivas etapas do dia, chegando à meia-noite. Todas as terríveis descrições destes Anjos parecem aludir à dor de, no leito de morte, amargar-se o arrependimento e pesar ao contemplar um legado estéril, de uma vida mal vivida em relação ao alinhamento com a Força Criadora.

Estes Anjos não conhecem descanso e nem calmaria, pois sua função não é outra senão fazer-nos avaliar a própria existência e tudo aquilo que fizemos ou deixamos de fazer, obrigando-nos a realizar uma colheita e triagem daquilo que valeu a pena, ou melhor, a parte da Alma com condições de seguir adiante versus aquilo que será “reciclado” pela Criação.

Aqui já não há mais tempo para quaisquer reparos: o que se apresentou é o que seguirá adiante, goste ou não.

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