Enoquiano, Verdadeiro e Fiel

Categoria: Prática

Quando e Como Usar as Chaves na Salman Iadnah

Cercadas de uma aura misticismo, as Chaves Enoquianas constituem a espinha dorsal do sistema angélico recebido por John Dee e Edward Kelley.

Uma dúvida muito frequente entre os praticantes do Sistema Enoquiano refere-se ao uso adequado das Chaves, ou Chamadas, e com este breve texto procuraremos apresentar e compartilhar algumas respostas que encontramos.

Antes de iniciarmos, cabe aqui uma recomendação: no primeiro ano de prática, sugerimos enfaticamente realizar as operações apenas com o uso das Convocações. Ora, se o buscador seguir fiel e perseverantemente o seu propósito, podemos garantir que os resultados obtidos ultrapassarão enormemente as expectativas. Afinal, fica a pergunta: qual seria a vantagem de se realizar um exercício com mais peso do que se pode levantar? O resultado é sempre vergonhoso e, muitas vezes, catastrófico. O candidato não termina as repetições, fica visível que ele está tentando fazer mais do que consegue, e dá vexame – isso, quando não recebe de “brinde” alguma lesão muscular.

O Uso das Chaves

A Primeira Chave é utilizada em todas as Operações, ela é a declaração de que o buscador deseja contatar os Mensageiros da Força Criadora. Realize-a todos os dias de prática, logo após a Oração de Enoque.

A Segunda Chave trata da manifestação material da Força Criadora através do buscador, que a invoca sobre si para a realização da Vontade de Deus. Utilize-a nas Operações dos quadrantes Sul e Norte, logo após a Primeira Chave.

A Terceira, Quarta, Quinta e Sexta Chaves estão relacionadas aos subquadrantes aéreos, em cada um dos quatro quadrantes. Utilize a Terceira Chave na 5ª e 21ª Semana, a Quarta Chave na 6ª e 22ª Semanas, a Quinta Chave na 7ª e 23ª Semanas, e a Sexta Chave na 8ª e 24ª Semanas. Estas Chaves serão recitadas antes da Convocação dos Anjos do subquadrante.

A Sétima, Oitava, Nona e Décima Chaves abrem os subquadrantes ígneos nas Torres. Utilize a Sétima Chave na 9ª e 25ª Semanas, a Oitava Chave na 10ª e 26ª Semanas, a Nona Chave na 11ª e 27ª Semanas, e a Décima Chave na 12ª e 28ª Semanas. Estas Chaves serão recitadas antes da Convocação dos Anjos do subquadrante.

A Décima Primeira, Décima Segunda, Décima Terceira e Décima Quarta Chaves estão conectadas às Torres pelos subquadrantes aquosos. Utilize a Décima Primeira Chave na 13ª e 29ª Semanas, a Décima Segunda Chave na 14ª e 30ª Semanas, a Décima Terceira Chave na 15ª e 31ª Semanas e a Décima Quarta Chave na 16ª e 32ª Semanas. Estas Chaves serão recitadas antes da Convocação dos Anjos do subquadrante.

A Décima Quinta, Décima Sexta, Décima Sétima e Décima Oitava Chaves regem os subquadrantes terrestres de cada quadrante. Utilize a Décima Quinta Chave na 17ª e 33ª Semanas, a Décima Sexta Chave na 18ª e 34ª Semanas, a Décima Sétima Chave na 19ª e 35ª Semanas e a Décima Oitava Chave na 2oª e 36ª Semanas. Estas Chaves serão recitadas antes da Convocação dos Anjos do subquadrante.

A Décima Nona Chave corresponde aos trabalhos com os Éteres, que ainda não se encontram compreendidos na Salman Iadnah. Trata-se de uma mesma Chave, repetida por vezes com a devida troca dos nomes de cada Plano Etéreo, constituindo o que muitos estudiosos consideram como 30 Chaves distintas.

Mais sobre cada uma das Chaves pode ser encontrado na seção Textos.

Como Realizar as Práticas

Embora possa ter início em qualquer período do ano, costumeiramente começam-se as práticas da Casa da Sabedoria no período da Páscoa, tal como outras práticas espirituais deste tipo.

Astrologicamente, isso se deve pelo fato da Páscoa ser comemorada no domingo logo depois da primeira Lua Cheia após o ingresso do Sol em Áries, um período de recomeço e novas oportunidades para a vida (lembremos que no Hemisfério Norte a Páscoa acontece na época do Equinócio de Primavera, após o derretimento da neve invernal).

Recomendamos escolher com calma e carinho o seu local de meditação. Ainda, busque meditar em horários que não haverão intromissões ou incômodos – talvez este seja o aspecto mais complicado destas práticas.

Evite estar com as emoções desequilibradas. Euforia excessiva é tão prejudicial quanto o estresse ou raiva; caso esteja em algumas destas flutuações no momento da prática, sugerimos exercícios de respiração tais como os do Método Wim Hof (link ao final do texto).

Preze pelo conforto: utilize uma boa cadeira ou poltrona almofadada, onde possa sentar de forma ereta, mas sem ser induzido à sonolência. A postura de lótus também é recomendada para aqueles que estiverem habituados.

Procure conciliar os dias de prática com a sua semana útil, deixando os dois dias livres para descanso. Caso não consiga realizar a prática em algum dia da semana (pelos mais variados motivos), é possível “recuperar” nos dias de descanso, caso o praticante assim deseje. No entanto, recomendamos não realizar as práticas menos de três vezes por semana, tendo em vista que a Perseverança é chave fundamental para o sucesso. Lembramos ainda que aquele que inicia as práticas com o intuito de realizar o mínimo de vezes possível sequer deveria iniciá-las, pois já foi vencido pelo primeiro inimigo.

1) Abertura da Casa da Sabedoria

Utilize a ritualística de abertura fornecida no menu Liturgia > Abertura e Fechamento. Esta ritualística busca lembrar ao homem que ele é matéria, e que enquanto jornadeia pelo mundo, está sob a ação dos Elementos. Seu objetivo é alinhar-se com a Força Criadora e assim adquirir controle sobre si, rejeitando aos aspectos negativos da matéria.

2) Oração de Enoque

Esta belíssima e poderosa Oração foi ensinada a John Dee e Edward Kelley pelo Anjo Ave, e trata-se de um mapa, para aquele que tiver olhos para ver e ouvidos para ouvir. Realize-a sempre da forma mais solene possível, pois ela é um decreto do seu comprometimento com a Força Criadora e seus Ministros, que irão lhe orientar.

3) Obediência Fundamental

John Dee era um homem culto e versado. Talvez, diante de quaisquer incertezas do que poderia encontrar em suas operações, criou um decreto de obediência aos Nomes Divinos de Deus por parte dos Anjos. Mais do que isso, é possível que a recitação destes Nomes em cada um dos quadrantes constitua parte da “energização” de cada uma das Tabelas.

4) Convocação das Torres

Aqui convoca-se os Reis de cada um dos quadrantes, para que estabeleçam as Torres e também os Tronos da Retidão, Justiça, Misericórdia e Continuidade. Simbolizam a união do Céu e da Terra, abrindo a Porta pela qual entram aqueles que buscam a Força Criadora, e pela qual descem os seus Enviados. Nos escritos de John Dee, encontra-se o equivalente quando os Anjos declaravam “Move not, for the place is holy” (Não vos movais, pois o local é santo).

Esta prática ativa (ou energiza) a última etapa das Tabelas, permitindo que a energia da Força Criadora possa ser dispersa por toda extensão delas.

5) Convocação dos Anjos

Visa convocar aos Anjos de um determinado subquadrante das Tabelas, após sua completa ativação. Cada grupo de Anjos tem uma ação ou regência específica sobre áreas da Criação, e sua influência poderá ser notada com frequência durante as meditações.

Cabe aqui alertar para o fato de que os Mensageiros não realizam quaisquer tipos de milagres ou aportes de bens, serviços ou ações, mas sim atuam como mentores e orientadores nestas áreas, sempre respeitando a Vontade da Força Criadora.

Nada cairá pronto dos céus, no entanto certamente serão oferecidas orientações – que costumeiramente chegam na forma de insights ou diálogos internos – para a resolução de problemas ou alcance de objetivos. Os anseios por resoluções miraculosas, místicas e inconsequentes são reprovados pelos Mensageiros, e tratam-se de ilusões advindas de inteligências antagônicas à Força Criadora.

6) Meditação e Questionamentos

Após sentar-se confortável e relaxadamente, ligue o seu aparelho de gravação de áudio, e registre a data e outras informações pertinentes como qual dia de qual semana de prática está em execução. Sugerimos ainda ter em mãos uma pauta breve com questões que gostaria de abordar acerca do espectro de ação dos Mensageiros convocados.

E como acontece o processo de insight ou diálogo interno?

Conforme explicado acima, nada virá pronto – nem mesmo, pensamentos. Os Mensageiros costumam utilizar-se do nosso arcabouço de conhecimento prévio, para construir ou direcionar novas ideias e concepções. Ou seja, salvo raros casos, a maioria das comparações e exemplos oferecidos são baseados na sua experiência de vida, e geralmente relativos a áreas que você detém um melhor entendimento. Por exemplo, uma pessoa que gosta de criar peixes em aquários pode ter insights envolvendo seu hobby; um médico possivelmente receberá instruções com base em exemplos da saúde; o diálogo interno de uma pessoa religiosa vai contar com muitos exemplos da sua fé, e assim por diante.

E quantos questionamentos podem ser feitos por meditação?

Quantos você quiser. Mas lembre-se, algumas perguntas são complexas e envolvem um diálogo interno mais extenso, podendo ser retomadas em dias posteriores. Em outros casos, a resposta pode ser tão simples quanto “sim” ou “não”.

Por fim, tenha em mente que os diálogos são esporádicos, e requerem paciência e perseverança, além de um estado mental e espiritual controlados. Avidez, ansiedade, nervosismo, euforia, são todos inimigos da meditação adequada.

A busca por respostas exige uma paciência que o homem moderno esqueceu, e reencontrá-la é o primeiro grande passo a ser dado na jornada em direção à nossa melhor versão.

7) Fechamento

Após a meditação, é feito um breve agradecimento aos Anjos e à Força Criadora, e então realiza-se a liturgia de finalização da operação.

Pronúncia dos Nomes

Ao longo das nossas práticas, diversas dúvidas surgiram no que concerne à pronúncia dos Nomes da Tabela da União. Algumas teorias foram construídas, com base em suspeitas pessoais dos integrantes deste estudo inicial, que (ainda) não encontram fundamento certo. Uma destas teorias versa que alguns nomes (na Tabela) estão abreviados, e outros receberam letras ou sílabas repetidas para manter a homogeneidade na forma como estão dispostos. As letras ou sílabas que se repetem deveriam, nesta teoria, atender a uma Gematria específica (que existe, mas até agora é desconhecida) própria do Sistema Enochiano.

A pronúncia deveria, então, atender a nuances vocálicos conforme a natureza da palavra no idioma Enochiano: o problema é que pouquíssimo se sabe sobre a sua construção linguística, e mesmo os estudiosos mais dedicados seguem tateando no escuro, vendo-se obrigados a “adivinhar” quais seriam estes nuances vocálicos mais “adequados”.

Quando não há sílabas que permitam a leitura, a regra básica mais aceita para a pronúncia dos Nomes na Tabela da União se resume a “letras consoantes são pronunciadas pelo som em inglês, vogais pronunciadas pelo som latino” – como por exemplo o nome PMOX (Pi-MOX), ou ARSL (AR-eS-eL). No entanto, é preciso considerar algumas ressalvas, como no caso das letras C, G, H, R e Z. A letra C em alguns casos tem som de K, noutros um S rápido, e em casos específicos, som de duplo C, como em “cappuccino” (PDOCE soa de forma agradável quando pronunciado PiDOtChE). A letra G geralmente recebe som de J quando seguida de E ou I, e esta sonoridade pode variar para uma pronúncia germanizada como Yê (como em GBAL, que é pronunciado YeBAeL). A letra H, quando só, soa bem como Há, como em IAHL = IAHaeL (considerando que o nome da letra em Enochiano é Hath), e o R isolado de vogais é soletrado como Ur (por exemplo, RNIL é uRNIeL). Por fim, a letra Z mantém seu som normal na enorme maioria dos casos, mas em situações isoladas pode flexionar para Zod ou Zed – que é a pronúncia desta letra nos tempos de John Dee.

Como Funciona

A prática da Salman Iadnah é composta por uma liturgia simples, com orações e meditações que buscam convocar as energias da Tabela da União ao longo de 36 semanas, separadas por funções angelicais atribuídas a cada um dos subquadrantes.

Simplificando, trata-se de uma operação similar à do “Livro dos Espíritos” enochiano, numa execução mais extensa e com modificações adicionadas conforme a necessidade se apresentou. Por exemplo, cada seção é convocada ao longo de 5 dias, para que se oportunize ao máximo as meditações; originalmente, Dee sugeriu convocar estar forças ao longo de 18 dias, 3 vezes ao dia. Este procedimento original, no entanto, é extremamente maçante e de difícil conciliação com a vida do homem moderno, que raramente tem condições de se afastar de tudo, e por tantos dias, para a realização de uma operação espiritual desta magnitude. Assim, decidimos trazer esta prática transformadora para a realidade do dia-a-dia atual através de segmentação, expansão e adição do elemento devocional, tão esquecido nos círculos espiritualistas de hoje.

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