Podem as asas do vento entender suas vozes de admiração, Oh vós, Segundo(s) do Primeiro, quem as chamas ardentes emolduraram nas profundezas de minhas mandíbulas; a quem preparei como taças para um casamento, ou como as flores em sua beleza para a câmara da retidão.

Mais fortes são vossos pés do que a pedra estéril, e mais poderosas são vossas vozes do que os ventos múltiplos. Pois vos haveis tornado uma edificação tal como nenhuma outra existente, exceto na mente do Todo Poderoso.

“Aparecei”, disse o Primeiro. Movei-vos, portanto, até os Seus servos. Mostrai-vos em poder e fazei-me um forte fervor. Pois, eu sou d’Aquele que vive para sempre”.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

Aqui na Chamada Dois, nós não encontramos citações de Iadbaltoh como no Gênesis, mas em vez disso uma adoração ao estilo salmo, dita pelo próprio locutor. Esta parece ser uma companhia necessária ao tom de comando da Chamada Um.

Inicialmente, parece tentador ver o Cristo mais uma vez no título “Segundo do Primeiro*”. No entanto, incomoda o fato de que adiante, esta Chamada se refere aos Segundos do Primeiro, no plural. Se for este o caso, então esta Chamada é da mesma forma endereçada aos mesmos reis e ministros (ou Santos) da Primeira Chamada. A filosofia oculta geralmente se refere aos deuses e Anjos como as “Causas Segundas” – em oposição a Deus, a “Causa Primeira”.

As “vozes de admiração” mencionadas na primeira linha parecem ter duplo sentido. Ao pé da letra, a frase parece referenciar às “vozes maravilhosas” dos Santos. No entanto, o Angélico (ou Enochiano) utilizado aqui é “Faaip” (vozes), ao passo que a palavra Angélica padrão para “vozes” – utilizada adiante nesta mesma Chamada – é “Bia”. Assim, é possível conjecturar que “Faaip” destina-se a indicar “vocalizações” – como em músicas ou salmos. Nesta ótica, os “Segundos do Primeiro” tanto tem belas vozes, como estão entoando cânticos de admiração.

quem as chamas ardentes emolduraram nas profundezas de minhas mandíbulas; a quem preparei como taças para um casamento, ou como as flores em sua beleza para a câmara da retidão.

Aqui se encontra uma pequena mudança. Enquanto os Santos foram inicialmente creditados com os “cânticos de admiração”, agora é o locutor que afirma estar cantando-os. (Isso faz sentido, se o locutor está recitando as Chaves em seu original Angélico/Enochiano. Lembre-se de que Nalvage previamente se referiu às Chamadas como vozes: “Em 49 vozes, ou chamadas: que são as Chaves Naturais para abrir aquelas, não 49 mas 48 […] Portais do Entendimento”.)

As “chamas ardentes” (da paixão) emolduraram os cânticos “nas profundezas de minhas mandíbulas” – ou fundo junto ao coração do locutor onde tais salmos de adoração seriam inspirados. São estes salmos que foram preparados como alguém prepara um casamento ou a câmara nupcial. (Interessantemente, o Templo Sagrado – onde reside a presença de Deus, ou a Shekinah – é às vezes descrito na tradição judaica como uma câmara nupcial).

Mais fortes são vossos pés do que a pedra estéril, e mais poderosas são vossas vozes do que os ventos múltiplos. Pois vos haveis tornado uma edificação tal como nenhuma outra existente, exceto na mente do Todo Poderoso.

Aqui nós vemos a adoração dos Segundos do Primeiro. Note-se a comparação feita entre eles e os elementos do reino terrestre – vento e pedra. Eles são maiores do que os elementos, e são de fato os blocos de construção do mundo físico.

Também, como se vê no Gnosticismo, o mundo criado foi preconcebido na mente do Todo Poderoso – que pode indicar Iadbaltoh e/ou o Cristo. (João descreve o Logos como “Deus” e “com Deus”. No mesmo capítulo, João afirma que Logos é o Criador, ou o agente da Criação). Nas Chamadas, Iadbaltoh é o Criador primário, embora o Cristo possa receber o mesmo status, uma vez que os dois são Um.

“Aparecei”, disse o Primeiro. Movei-vos, portanto, até os Seus servos. Mostrai-vos em poder e fazei-me um forte fervor. Pois, eu sou d’Aquele que vive para sempre.

A Chamada finalmente termina com outra fórmula de conjuração. Há uma pequena citação de Deus novamente – chamado “o Primeiro” neste caso, já que os reis e ministros foram denominados de “Segundos do Primeiro” na primeira linha do poema. A linha final termina com “d’Aquele que vive…”, que não tem início ou fim – o Cristo.

Notas de Tradução

A comunhão do buscador com os Mensageiros é comparável ao preparo de um estudante ao longo dos anos escolares. Ao longo de sua jornada, este estudante passa a construir em sua mente um templo de conhecimento, que o permitirá seguir mais ou menos preparado para a vida.

O processo de construção da Casa da Sabedoria é a edificação do Templo interno para a habitação da Força Criadora na forma do Cristo, onde os Anjos “se tornam fortes como a pedra estéril e poderosos como os ventos múltiplos”, em uma construção que só encontra par na mente da própria Força Criadora.

“Aparecei, e movei-vos em direção aos servos da Força Criadora”, é um comando direto da Força Criadora para os Anjos virem ter conosco.

“Mostrai-vos em poder e me enchei de fervor”, faz referência ao pedido para que os Mensageiros comunguem com o buscador e se alcance um estado de epifania, o preenchimento de todo o ser por Entendimento, Amor e Gratidão plenas, uma experiência da mais sublime beleza e que adorna o clímax das práticas da Salman Iadnah.