“Eu reino sobre vós”, disse o Deus da Justiça, “em poder exaltado sobre os firmamentos da ira: em cujas mãos o Sol é uma espada e a Lua como um fogo penetrante: que mede vossas vestimentas no seio de minhas próprias vestes e vos amarrou juntos como as palmas de minhas mãos. Cujos assentos decorei com o fogo da reunião, e embelezei vossas vestimentas com admiração. Para quem fiz uma Lei para governar aos Santos, e entreguei um cajado com a arca do Conhecimento.

Além disso, vós então erguestes vossas vozes e jurastes obediência e fé a Ele que Vive e Triunfa; que não tem início, nem fim; que brilha como uma chama no meio de vosso palácio, e reina sobre vós como a balança da retidão e verdade.

Portando, movei-vos e mostrai-vos. Abri os mistérios de vossa criação. Sede amistosos comigo. Porque eu sou servo do vosso mesmo Deus; o verdadeiro adorador do Altíssimo.

Comentários de Aaron Leitch, no livro “Angelical Language vol. I”

A maioria da Chamada Um parece ser composta pelas palavras da própria Força Criadora. Como vemos na linha acima, o locutor da Chamada estabelece que ele não está falando suas próprias palavras, mas sim aquelas do Deus da Justiça (Iad Balt ou Iadbaltoh). Ao parafrasear as mesmas palavras do Criador no momento de sua criação, o locutor está lembrando aos Anjos das promessas que eles fizeram, e dos comandos dados a ele por Deus. (Nós vamos ver isso em outroas partes das Chamadas.) O locutor também está provando que ele conhece estas palavras secretas, e desta forma estabelece sua própria autoridade.

Lembrando que a Chamada Um tem a intenção de mover os “Reis e Ministros do Governo,” que também são os “Primeiros Sete.” Estes são provavelmente os sete Arcanjos que pairam “frente à face de Deus” como descrito no Apocalipse de São João e em outras passagens. Entre estes sete Arcanjos Planetários, aqueles do Sol e da Lua se destacam como chefes. A primeira linha da Chamada revela que o Deus da Justiça está tão além exaltado (tal como super-celestial, como no Gnosticismo), que mesmo os poderosos Sol e Luna são apenas ferramentas ou armas em Suas mãos – uma espada e um “fogo penetrante” (flecha de fogo).

Que mede vossas vestimentas no seio de minhas próprias vestes e vos amarrou juntos como as palmas de minhas mãos. Cujos assentos decorei com o fogo da reunião, e embelezei vossas vestimentas com admiração. Para quem fiz uma Lei para governar aos Santos, e entreguei um cajado com a arca do Conhecimento.

Na primeira linha acima, a palavra inicial “que” provavelmente se refere ao Sol e Lua descritos na linha prévia da Chamada. No estudo da Astrologia, o caminho do do Sol e da Lua pelo céu é usado para distinguir as doze principais constelações da massa caótica de estrelas. Por causa disso, Sol e Lua são creditados como aqueles que trazem ordem ao caos, assim como o governo sobre os Anjos planetários e zodiacais. Do ponto de vista da Astrologia, é o Sol e a Lua que “amarram juntos” os signos e planetas (reis e ministros do governo). São eles que marcam (medem) os caminhos das estrelas através da abóbada celeste – as vestes (territórios) de Iadbaltoh.

A próxima linha sugere que Deus embelezou os assentos de Sol e Lua com o “fogo da reunião”. Isso faz sentido quando consideramos que Sol e Lua são ditos queimar com o mero reflexo do Fogo dos Céus. A linha então se refere aos reis e ministros novamente, e sugere que o Sol e Lua “embelezaram suas vestimentas”. Os planetas do nosso sistema solar são embelezados ao brilharem com a luz refletida do Sol.

A próxima linha parece referenciar às leis naturais criadas por Iadbaltoh – aquelas que governam os Santos (Anjos), e cujas eles reforçam sobre o reino da Criação. Como os reis e ministros do Universo, ambos seguram o cajado (cetro) do governo e representam a arca (ou depósito) de todo o conhecimento. (Lembre-se de que Dee era um astrólogo, e regularmente lia as estrelas para obter conhecimento).

Além disso, vós então erguestes vossas vozes e jurastes obediência e fé a Ele que Vive e Triunfa; que não tem início, nem fim; que brilha como uma chama no meio de vosso palácio, e reina sobre vós como a balança da retidão e verdade.

Com as palavras “além disso”, Iadbaltoh muda o foco do seu discurso. Ele continua, claro, ainda a se direcionar aos reis e ministros, mas Ele subitamente parece se direcionar a uma Divindade distinta de Si – “Ele que Vive e Triunfa”. Esta parece ser uma referência direta ao Cristo – o Ungido que desce dos céus para tomar um corpo de carne e triunfar sobre o mal (“vive e triunfa”). No livro das Revelações (Apocalipse), o Cristo conquista o mundo físico e é estabelecido como seu eterno Rei.

O Cristo Gnóstico (também chamado de Logos, ou Palavra) é tanto autocriado quanto eterno, tanto distinto, quanto parte do Deus Altíssimo. Os termos descritivos utilizados na Chamada Um para descrever “Ele que vive…” são típicos do Cristo. Ele é descrito como eterno, e (no mesmo espírito da Chamada até aqui) é associado com o simbolismo solar. Ele “brilha como uma chama”* no meio do palácio dos Santos, como o Sol brilha no centro do nosso sistema solar. Tanto o Cristo no Céu quanto o Sol no reino celeste são o pilar central e balanço. (Interessantemente, textos Gnósticos descrevem o primeiro ato do Cristo como sendo o trazedor do balanço para o reino dos Aeons. Ele então desceu para o reino físico, para fazer o mesmo aqui).

Portanto, a Chamada Um serve para lembrar aos Anjos governantes do Universo que eles juraram obediência tanto a Iadbaltoh, quanto ao Cristo.

Portando, movei-vos e mostrai-vos. Abri os mistérios de vossa criação. Sede amistosos comigo. Porque eu sou servo do vosso mesmo Deus; o verdadeiro adorador do Altíssimo.

Finalmente, a Chamada termina com uma fórmula evocacional – ou conjuração. Como será visto, todas as Chamadas terminam com conjurações similares. Todas elas são ditas pelo locutor da Chamada, ao invés de uma figura – tal como Deus – sendo parafraseada dentro da Chamada. No entanto, há algumas instâncias em que Iadbaltoh é citado dentro da fórmula.

Notas de Tradução

A presença do Cristo é de fácil assimilação quando comparada a um “estado de espírito” atingido pelo buscador, em que ele inicia a “construção do Templo em seu coração”. Ao longo dos nossos contatos em 2019, foram recebidas explicações acerca de uma “pérola opaca como chumbo que todo homem carrega em seu peito” e que, uma vez estabelecido o contato e relacionamento com a Força Criadora, torna-se “incandescente e brilhante como um pequeno sol”. Ou seja, ao longo dos contatos o buscador constrói a habitação para a Força Criadora em seu coração, que residirá ali junto dos Santos na forma do Cristo: é a Rosa que desabrocha na Cruz.

“Eu reino sobre vós”, disse o Deus da Justiça, “em poder exaltado sobre os firmamentos da ira: em cujas mãos o Sol é uma espada e a Lua como um fogo penetrante:

Talvez a assertiva mais incontestável que defenda a Astrologia seja o fato da influência exercida sobre toda a Criação pelo Sol e pela Lua. O “Sol como uma espada” referencia-se ao mantenedor e ajustador da vida; sem ele, a Criação como a conhecemos simplesmente cessa. A “Lua como um fogo penetrante” é a influência direta sobre as nossas emoções, tanto como no crescimento das plantas e na mudança das marés.